A vida e as quatro formas de encarar as coisas. Segundo
Saint-Exupéry, na vida, não existem soluções. Existem forças em marcha: é
preciso criá-las e, então, a elas seguem-se as soluções.
Não há homem completo
que não tenha viajado muito, que não tenha mudado vinte vezes de vida e de
maneira de pensar.
Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos
mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de
inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá. (Charles
Chaplin)
O último passo da razão é reconhecer a existência de uma infinidade de coisas que a ultrapassam. (Blaise Pascal)
A vida e o Riacho
Quem é capaz de adivinhar o futuro? A vida é semelhante a um
riacho. Há quatro formas de encarar a coisa:
Algumas pessoas ficam extasiadas e inertes, admirando a silhueta
do leito. Acabam sendo atingidas pelos respingos das alegrias e tristezas de
seus amigos, familiares... Assim, vão assistindo a vida passar. Certamente,
quando chegar o dia, elas serão abençoadas e aceitas de volta por Deus.
Outras, diante de tamanha maravilha de Deus, viajam em si
mesmas, e a partir de alguma percepção despertada por esse exercício de
introspecção, vencem a inércia e acabam seguindo o leito da vida, por fora,
descobrindo o quanto as quedas poderiam ser suavizadas pela profundidade de uma
amizade ou amor.
Concluem assim, que todos nós fluímos para o mar representado
pelas mãos do Criador. Porém, como navegaram à margem, não absorveram da vida
os elementos para a elaboração de suas pérolas. Ainda assim, haverão de ser
queridas e aceitas por Deus, algum dia.
Há aquelas pessoas que mergulham de cabeça em tão acolhedor
riacho. Vivem, sorvendo as experiências das profundezas, aprendem a nadar de
diversas maneiras, vivenciando intensamente a plenitude no mundo das águas, com
uma sede insaciável. Haverão de ter visto a vida de dentro, espalham seus
sorrisos e lágrimas por todos os lados, e devem chegar às mãos do criador
completamente ébrias.
Porém, enquanto nessa circunstância, não conseguimos distinguir
certas “pedras” no caminho. Com isso, se faz necessário ir ao cais para curar
os ferimentos. Descobre-se aí o quanto as margens da vida podem ser estranhas a
um “peixe”. Ainda assim, tu poderás contar com o Supremo, que te receberás de braços
abertos.
Há um tipo raríssimo de pessoa que deixa pegadas nas margens,
indicando que não é inerte. Dizem que ela só se banha na cabeceira do riacho,
pois é onde se forma todo o fluido vital. Outros dizem que se trata de uma
lenda, pois já correram toda a margem do riacho e nunca a viram.
Certa vez, apareceu uma explicação através de uma criança e foi
a que mais gostei. Ela palestrava a todos, afirmando a existência de tal
pessoa, porém os adultos não a viam, porque, assim como as crianças, vez por outra
se escondia entre as moitas das margens buscando solicitude.
A criança insistia em afirmar que já haviam se banhado juntos,
na nascente, no leito e na foz do riacho. Ambas conversavam por horas e mais
horas, assim admitia a criança. Ninguém acreditava. Quem mais poderia ter tanto
assunto para conversar horas e mais horas com uma criança? A criança, realmente
nunca havia sido vista em companhia de pessoa alguma.
Muitos diziam que era seu amigo imaginário. Pois bem, a tal
pessoa, está em todos nós. A tal pessoa cresceu em nós, tornando-se esquecida e
irreconhecível. O ser humano escolhe assim, viver à luz das equivocadas
fantasias do seu bando. Devemos saber a hora certa do banho, a hora certa de
caminhar e a hora certa de parar. Tudo na vida dispõe de uma medida. E quem
dispõe do recipiente? Certamente uma criança. (Augusto Vicente)
As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações...
Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a
dar explicações. (Antoine de Saint-Exupéry)
Abraços e muita paz!
Vida e formas de encarar as coisas
Reviewed by Luís Eduardo Pirollo
on
junho 09, 2016
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