A base fundamental da liberdade e justiça também depende do
equilíbrio. A liberdade absoluta mete a justiça a ridículo. A justiça absoluta
nega a liberdade. Para serem fecundas, as duas noções devem descobrir os seus
limites uma dentro da outra. Nenhum homem considera livre a sua condição se ela
não for ao mesmo tempo justa, nem justa se não for livre.
Precisamente, não pode conceber-se a liberdade sem o poder de
clarificar o justo e o injusto, de reivindicar todo o ser em nome de uma
parcela de ser que se recusa a extinguir-se. Finalmente, tem de haver uma
justiça, embora bem diferente, para se restaurar a liberdade, único valor
imperecível da história. (Albert Camus)
Homem que mais defendeu as mulheres
As mulheres frequentemente foram silenciadas, controladas,
diminuídas e tratadas como subumanas nas mais diversas sociedades humanas.
Todavia, houve um homem que lutou sozinho contra o império do preconceito. Ele
foi incompreendido, rejeitado, excluído, mas não desistiu dos seus ideais.
Ninguém apostou tanto nas mulheres como ele. Fez das prostitutas
rainhas, e das desprezadas, princesas. Muitos dizem que ele é o homem mais
famoso da história, mas poucos sabem que foi ele quem mais defendeu as
mulheres. Seu nome é Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres na arte de viver. Esse
texto não fala de uma religião, mas da filosofia e da psicologia do homem mais
complexo e ousado de que se teve notícia.
Nos tempos de Jesus os homens adúlteros não sofriam punição
severa. Todavia, a mulher adultera era arrastada em praça pública, suas vestes
rasgadas e, com os seios à mostra, eram apedrejadas sem piedade. Enquanto
sangravam e agonizavam, pediam compaixão, mas ninguém as ouvia. A cena,
inesquecível, ficava gravada na mente e perturbava a alma para sempre.
Certa vez, uma mulher foi pega em adultério. Arrancaram-na da
cama e a arrastaram centenas de metros até o lugar em que Jesus se encontrava.
A mulher gritava “Piedade! Compaixão!”, enquanto era arrastada; suas vestes iam
sendo rasgadas e sua pele sangrava esfolando-se na terra.
Jesus estava dando uma aula tranquila na frente do templo. Havia
uma multidão ouvindo-o atentamente. Ele lhes ensinava que cada ser humano tem
um inestimável valor, que a arte da tolerância é a força dos fortes, que a
capacidade de perdoar está diretamente relacionada à maturidade das pessoas.
Suas ideias revolucionavam o pensamento humano, por isso começou
a ter muitos inimigos. Na época, os judeus constituíam um povo fascinante, mas
havia um pequeno grupo de radicais que passou a odiar as ideias do Mestre.
Quando trouxeram a mulher adultera até ele, a intenção era apedreja-lo
juntamente com ela, usa-la como isca para destruí-lo.
Ao chegarem com a mulher diante dele, a multidão ficou perplexa.
Destilando ódio, comentaram que ela fora pega em flagrante adultério. E
perguntaram qual era a sentença dele.
Se dissesse “Que seja apedrejada”, ele livraria a sua pele, mas
destruiria seu projeto transcendental, seu discurso e principalmente seu amor
pelo ser humano, em especial pelas mulheres.
Se dissesse “Não a matem!”, ele e a mulher seriam imediatamente
apedrejados, pois estariam indo contra a tradição daqueles radicais. Se os
fariseus tivessem feito a mesma pergunta aos discípulos de Jesus, estes
provavelmente teriam dito para mata-la. Assim se livrariam do risco de morrer.
Qual foi a primeira resposta do Mestre diante desse grave
incidente? Se você pensou: “Quem não tem pecado atire a primeira pedra!”,
errou, essa foi a segunda resposta. A primeira foi o silencio.
Só o silencio pode conter a sabedoria quando a vida está em
risco. Nos primeiros trinta segundos de tensão cometemos os maiores erros de
nossas vidas, ferimos quem mais amamos. Por isso, o silencio é a oração dos
sábios.
Para o Mestre dos Mestres, aquela mulher, ainda que
desconhecida, pobre, esfolada, rejeitada publicamente e adultera, era mais
importante do que todo o ouro do mundo, tão valiosa como a mais pura das
mulheres. Era uma joia raríssima, que tinha sonhos, expectativas, lágrimas,
golpes de ousadia, recuos, enfim, uma historia fascinante, tão importante como
a de qualquer mulher. Valia a pena correr riscos para resgata-la.
Para o Mestre dos Mestres não havia um padrão para classificar
as mulheres. Todas eram igualmente belas, não importando a anatomia do seu
corpo, não importando nem mesmo se erravam muito ou pouco. Jesus precisava
mudar a mente dos acusadores, mas nunca ninguém conseguiu mudar a mente de
linchadores. O “eu” deles era vítima das janelas do ódio, não eram autores da
sua história, queria ver sangue. O que fazer, então?
Ao optar pelo silencio, Jesus optou por pensar antes de reagir.
Ele escrevia na areia, porque escrevia no teatro da sua mente. Talvez dissesse
para si mesmo: “Que homens são esses que não enxergam a riqueza dessa mulher?
Por que querem que eu a julgue, se eu quero amá-la? Por que, em vez de olhar
para os erros dela, não olham para seus próprios erros?”
O silencio inquietante de Jesus deixou os acusadores perplexos,
levando-os a diminuir a temperatura da raiva, da tensão, oxigenando a
racionalidade deles. Num segundo momento, eles voltaram a perguntar o veredicto
do Mestre. Então, finalmente, ele se levantou. Fitou os fariseus nos olhos,
como se dissesse: “Matem a mulher! Todavia, antes de apedreja-la, mudem a base
do julgamento, tenham a coragem de ser transparentes em enxergar as suas
falhas, erros e contradições”. Esse era o sentido de suas palavras. “Quem não
tem pecado atire a primeira pedra!”
Os fariseus receberam um choque de lucidez com as palavras de
Jesus. Saíram do cárcere das janelas killer e começaram a abrir as janelas
light. Deixaram de ser vítimas do instinto de agressividade e passaram a
gerenciar suas reações. O homo sapiens prevaleceu sobre o homo bios, a
racionalidade voltou. O resultado é que eles saíram de cena. Os mais velhos
saíram primeiro porque tinham acumulado mais falhas ao longo da vida ou porque
eram mais conscientes delas.
Jesus olhou para a mulher e fez uma delicada pergunta: “Mulher,
onde estão seus acusadores?” O que ele quis dizer com essa pergunta e por que a
fez? Em primeiro lugar, ele chamou a adultera de “mulher”, deu-lhe o status
mais nobre, o de um ser humano. Ele não perguntou com quantos homens ela
dormira.
Para o Mestre dos Mestres, a pessoa que erra é mais importante
do que seus próprios erros. Aquela mulher não era uma pecadora, mas um ser
humano maravilhoso. Em segundo lugar, perguntou: “Onde estão os seus
acusadores? Ninguém a acusou?” Ela respondeu: “Ninguém”. Ele reagiu: “Nem eu”.
Talvez ele fosse a única pessoa que tivesse condições de julga-la, mas não o
fez.
O homem que mais defendeu as mulheres não a julgou, mas
compreendeu, não a excluiu, mas a abraçou. As sociedades ocidentais são cristãs
apenas no nome, pois desrespeitam os princípios fundamentais vividos por Jesus.
Um deles é o respeito incondicional pelas mulheres!
O homem que mais defendeu as mulheres não parou por aí. Sua
ultima frase indica o apogeu da sua humanidade, o patamar mais sublime da
solidariedade. Ele disse para a mulher: “Vá e refaça seus caminhos”. Essa frase
abala os alicerces da psiquiatria, da psicologia e da filosofia. Jesus tinha
todos os motivos para dizer: “De hoje em diante, sua vida me pertence, você
deve ser minha discípula”.
Os políticos e autoridades usam seu poder para que as pessoas os
aplaudam e gravitem em sua órbita. Mas Jesus, apesar do seu descomunal poder
sobre a mulher, foi desprendido de qualquer interesse. “Vá e revise a sua
historia, cuide-se. Mulher, você não me deve nada. Você é livre!”
Jesus a despediu, mas ela não foi embora. E por quê? Porque o
amou. E, por ama-lo, o seguiu para sempre, inclusive até os pés da cruz, quando
ele agonizava. Talvez essa mulher tenha sido Maria Madalena.
A base fundamental da liberdade é a capacidade de escolha, e a
capacidade de escolha só é plena quando temos liberdade de escolher o que
amamos. Todavia, estamos vivendo em uma sociedade em que não conseguimos sequer
amar a nós mesmos. Estamos nos tornando mais um número de cartão de crédito,
mais um consumidor potencial. Isso é inaceitável.
(Augusto Cury)
Abraços e muita paz!
Base fundamental da liberdade e justiça
Reviewed by Luís Eduardo Pirollo
on
novembro 29, 2015
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Edificante texto. Jesus, maior presente do Criador para Humanidade. Tudo Fez para o Bem de Todos.Sigamos pois seus passos. Que sua caminhada seja sempre Iluminada!!
ResponderExcluirBom dia, querida amiga Eloiza!!!
ExcluirObrigado, que bom que gostou do texto, fico muito feliz com sua presença, participação e carinho, valeu!!!
Que sua caminhada também seja sempre muito iluminada!!!
Abraços e muita paz!!!