A síndrome SPI é doença ou coisa de maluco? Com frequência, o
problema é tachado de tique, mania ou coisa de maluco, mas não é. Esse é um
distúrbio neurológico chamado síndrome das pernas inquietas (SPI) que, além do
evidente desconforto, costuma ter outros desdobramentos, como: dificuldade para
iniciar o sono, sonolência durante o dia, cansaço e irritação por causa das
noites mal dormidas. A síndrome das pernas irrequietas é um distúrbio
neurológico do sono. A síndrome das pernas inquietas é uma doença neurológica
que ocorre mais em pessoas grávidas, pessoas acima dos 50 anos e principalmente
idosos.
A síndrome das pernas inquietas é um distúrbio do sono em que a
pessoa sente uma necessidade involuntária de movimentar as pernas. Geralmente o
sintoma ocorre a noite ao deitar-se, ocorrendo o alivio com o movimento das
pernas, porem muitas vezes a pessoa passa a ficar muito tempo, até muitas
horas, movimentando as pernas para aliviar e com isso prejudica o sono.
A Associação Brasileira da Síndrome das Pernas Inquietas estima
que entre 5% e 15% da população sofram com esse mal, que afeta mais as mulheres
e os indivíduos acima dos 50 anos. Apesar da incidência elevada, nem sempre ela
é facilmente identificada. "Algumas pessoas peregrinam por vários especialistas
antes de conseguirem o diagnóstico correto, outras acabam convivendo com o
problema, com grandes prejuízos para a saúde e qualidade de vida", afirma
Fernando Morgadinho, gerente médico do Programa de Neurologia do Einstein,
doutor em Neurologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e
especialista em Medicina do Sono.
Segundo ele, um terço dos casos está relacionado a fatores
genéticos. Outro terço está associado a fatores como carência de ferro (com ou
sem anemia), gravidez, abuso de álcool e estimulantes como a cafeína,
tabagismo, uso de drogas antidepressivas e antipsicóticas, doenças renais,
polineuropatia (disfunção dos nervos periféricos), Doença de Parkinson, entre
outros. Algumas dessas causas são reversíveis. Tratá-las ou investir na mudança
de hábitos pode eliminar ou minimizar os sintomas da síndrome. "A SPI que
advém apenas da anemia, desaparece com o suplemento de ferro; a que surge na
gravidez, some depois do parto", exemplifica o Dr. Fernando. Há, porém, um
terço de casos cujas causas são desconhecidas.
Pesquisas recentes mostram que na síndrome das pernas inquietas
existe uma alteração no funcionamento dos neurônios que usam a dopamina como
neurotransmissor.
Sídrome das pernas inquietas - SPI
Sinais e sintomas da SPI
A sensação e necessidade de mover-se pode retornar imediatamente
depois do movimento de cessação ou em um estagio mais avançado. A síndrome pode
começar em qualquer idade, incluindo a infância, e é uma doença progressiva
para alguns, enquanto que os sintomas podem desaparecer em outros. Em um exame
entre membros de uma fundação dedicada a doença encontrou-se que até 45% dos
pacientes tiveram seus primeiros sintomas antes da idade de 20 anos.
Um impulso - mover-se, geralmente devido às sensações incômodas
que ocorrem primeiramente nos pés, mas ocasionalmente nos braços e em outras
partes. As sensações são incomuns e ao contrário de outras sensações comuns.
Aqueles com a síndrome têm uma dificuldade em descrevê-la por tratar de um
sintoma subjetivo, usando palavras como: incômodo, impulsos elétricos, coceira,
alfinetadas. A sensação é de uma vontade incontrolável e involuntária de mover
as pernas e os pés.
Inquietação motora - expressado em atividade, que alivia o
impulso a mover.
O movimento traz geralmente o alivio imediato, embora provisório
e parcial. Andar é o mais comum; entretanto, o prolongamento, a yoga, ciclismo,
ou a outra atividade física podem aliviar os sintomas. Os movimentos
inconstantes contínuos, rápidos do pé, e/ou rápida de mover os pés para longe
de si, podem manter sensações contidas sem ter que andar. Os movimentos
específicos são subjetivos, ou seja, particular de cada pessoa.
Agravamento dos sintomas ao relaxar. Sentar-se ou encontrar-se
em relaxamento (leitura, assistir televisão, voar) podem provocar as sensações
e o impulso de mover-se. A severidade depende da gravidade da síndrome na
pessoa, do grau de relaxamento, da duração da inatividade, etc.
Variabilidade no curso do ciclo dia/noite, com os sintomas
piores durante a noite e ao anoitecer.
Alguns sentem a síndrome somente na hora de dormir, enquanto
outros a experimentam ao longo do dia e da noite. A maioria de sofredores
experimentam os sintomas mais intensamente durante a noite e menos intensos na
manhã.
A síndrome é sentida de forma similar ao impulso de bocejar, mas
situado nos pés ou nos braços.
Estes sintoma da síndrome pode fazer o sono difícil para muitos
pacientes e uma pesquisa recente mostra a presença de dificuldades
significativas durante o dia resultando desta circunstância. Estes problemas
variam de estar atrasados para o trabalho, ou mesmo falta por causa da
sonolência. Os pacientes com a síndrome que responderam a pesquisa relataram
dirigir enquanto sonolentos mais do que pacientes sem a síndrome. Estas
dificuldades durante o dia podem traduzir-se em questões gerais de segurança,
sociais e econômicas para o paciente e para a sociedade.
Pesquisa e mecanismo da SPI
A maioria da pesquisa sobre o mecanismo da doença da síndrome
das pernas inquietas centrou-se sobre a influência da dopamina e do ferro. A
condição médica o mais geralmente associado a doença é a deficiência de ferro,
o que aparece como causa em 20% de todas os casos da síndrome.
Alguns peritos acreditam que a síndrome das pernas inquietas e a
síndrome do movimento periódico dos membros estão associados fortemente com o
transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. A dopamina parece fatorar
em condições e em medicamentos para o tratamento de ambos, o que influencia os
níveis de dopamina no cérebro.
A causa contra o efeito de determinadas circunstâncias e dos
comportamentos observados em alguns pacientes (ex. o peso adicional, a falta do
exercício, a depressão ou outras doenças mentais) não são bem conhecidos. A
perda de sono devido a síndrome poderia causar as circunstâncias, ou a
medicação usada para tratar uma circunstância poderia causá-la. (Wikipédia)
Qual é a epidemiologia da síndrome das pernas inquietas (SPI)?
A SPI é uma doença comum, certamente sub-diagnosticada no dia a
dia. Cerca de 5,5% dos adultos caucasianos apresentam sintomas de SPI; ela é
mais comum no sexo feminino e a prevalência aumenta com a idade.
Síndrome da perna que não dá sossego
Por: Dr. Drauzio Varella
Muitos sofrem dessa síndrome neurológica sem se dar conta. Você
deve suspeitar dela, quando apresentar: alterações de sensibilidade e
desconforto nos membros inferiores que pioram com a inatividade, melhoram com o
movimento, agravam-se à noite e provocam hiperatividade motora.
Os portadores geralmente descrevem essas sensações de
desconforto nas pernas como “espécie de cãibras, queimação, prurido, garras que
apertam” ou “formigas que andam sob a pele”. Embora os sintomas surjam quase
sempre nas pernas, alguns podem apresentá-los nos braços ou no tronco.
Os pacientes se queixam de que eles estão associados à agitação
motora e urgência em movimentar o membro acometido. Essa urgência os obriga a
andar, massagear o local, fazer alongamento ou simplesmente ficar em pé. Como
uma das características da síndrome é manifestar-se no período das 22h às 4h da
madrugada, o sono fica prejudicado.
Apesar da necessidade de movimentar-se estar sujeita a controle
voluntário, a supressão dessa atividade provoca piora da sintomatologia,
irritação e agitação motora. Por isso, muitos pacientes não conseguem ir ao
cinema, participar de uma reunião prolongada, viajar de automóvel ou avião, nem
dormir em paz.
Não há exames laboratoriais capazes de diagnosticar a doença. O
diagnóstico é feito com base em seis critérios:
1) Sensação desagradável nas pernas à noite ou dificuldade de
iniciar o sono;
2) Sensações semelhantes à das cãibras ou formigamentos na
“batata das pernas”, frequentemente associadas a dores no local;
3) O desconforto melhora com a movimentação;
4) O exame polissonográfico mostra movimentação das pernas
durante o sono;
5) Ausência de quadros clínicos ou desordens mentais capazes de
justificar o problema;
6) Outras desordens do sono podem estar presentes, mas não
explicam os sintomas.
São considerados critérios mínimos para o diagnóstico os itens
1+2+3.
A síndrome não deve ser confundida com outra desordem conhecida
como “movimentos periódicos das extremidades”, caracterizada por movimentos
involuntários nas extremidades que surgem durante a noite, principalmente nos
primeiros minutos de sono ou ao despertar, dos quais o paciente não costuma ter
consciência, mas que são percebidos por quem está junto.
É difícil estimar o número de pessoas afetadas, porque muitos
dos portadores da síndrome não procuram assistência, mesmo quando os sintomas
de agitação noturna atrapalham o repouso. Estudos recentes, no entanto, mostram
que a prevalência da síndrome aumenta com a idade, e que atinge em graus
variáveis de intensidade cerca de 10% da população.
O mecanismo patogênico é mal conhecido. Parece envolver
alterações ainda mal caracterizadas na medula espinal. Obesidade, fumo, uso de
antidepressivos e vida sedentária talvez estejam implicados. A prevalência
aumenta em doenças como insuficiência renal crônica, diabetes, deficiência de
ácido fólico ou de ferro e na gravidez. Homens e mulheres são igualmente
afetados.
O tratamento envolve medicamentos e medidas gerais (consulte o
site www.rls.org). Os mais utilizados são os anticonvulsivantes, opioides,
benzodiazepínicos e algumas das drogas empregadas na doença de Parkinson.
Nos casos em que a síndrome está associada ao uso de
antidepressivos ou de outras medicações, como bloqueadores de cálcio ou
metoclopramida (Plasil e outros), essas drogas devem ser suspensas, quando
possível. Se houver deficiência de ácido fólico ou de ferro, sua correção pode
melhorar o quadro.
Dados limitados sugerem que medidas como massagem, uso de
cafeína, banhos quentes, evitar álcool, parar de fumar, praticar exercícios
moderados e submeter-se a terapias comportamentais podem aliviar os sintomas.
Publicado em 05/03/2012 em:
http://drauziovarella.com.br/drauzio/sindrome-da-perna-que-nao-da-sossego/
http://drauziovarella.com.br/drauzio/sindrome-da-perna-que-nao-da-sossego/
Recomendações para SPI
Criança inquieta na hora de dormir, que chora, resmunga e mexe
muito as pernas, pode não estar fazendo manha. Leve-a ao pediatra para afastar
a possibilidade de ter desenvolvido os sintomas da síndrome das pernas
inquietas;
Da mesma forma, aja com os idosos. Não atribua a agitação e as
queixas à perda das faculdades mentais. Sedá-los pode piorar muito o quadro, se
o problema for a síndrome das pernas inquietas;
O agravamento dos sintomas pode tornar insuportável a vida do
portador da síndrome e da pessoa com quem divide a cama ou o quarto. Só o
tratamento adequado é capaz de controlar as crises e aliviar os sintomas que,
na maior parte das vezes, pioram à noite. Não se automedique; procure
assistência médica especializada;
O consumo de cafeína, álcool e cigarro é absolutamente
desaconselhado. Faça um esforço e tente excluí-los do seu dia a dia;
Medicamentos antidepressivos e neurolépticos podem desencadear
uma síndrome semelhante à das pernas inquietas. Esteja atento.
Publicado em 21/04/2011 - Dr. Drauzio Varella.
Todo paciente com síndrome das pernas inquietas (SPI) deve ser
tratado com medicamentos?
Não, os casos de SPI de intensidade leve respondem a algumas
medidas como:
Evitar cafeína, tabaco, álcool;
Retirar agentes antidopaminérgicos e antidepressivos
(tricíclicos e bloqueadores da recaptação da serotonina)
Apesar da cafeína aparentemente melhorar os sintomas, ela os
intensifica e os atrasa para mais tarde da noite. A melhor solução é evitar
todos os produtos com cafeína: café, chá mate, chá preto, refrigerantes,
chocolate e alguns medicamentos. O consumo de bebidas alcoólicas aumenta a
intensidade dos sintomas, de novo a melhor solução é evitá-las.
Atividades físicas como banho quente, massagem, técnicas de
relaxamento, trabalhos manuais, alguma outra atividade que mantenha a mente
ocupada, podem ser benéficas, mas dependem da gravidade dos sintomas de cada
pessoa. Algumas pessoas não conseguem encontrar alívio com qualquer atividade e
precisam de medicamentos.
Como se trata de um distúrbio crônico, o acompanhamento com seu
médico a procura de tratamento equilibrado é fundamental para se viver bem e
com qualidade apesar da SPI.
Abraços e muita paz!
Síndrome SPI é doença ou coisa de maluco
Reviewed by Luís Eduardo Pirollo
on
maio 25, 2015
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