Por vezes, a bondade e a caridade humana passam pelo banco dos
réus e o julgamento humano é implacável. Mas, como afirma o nosso grande Mestre,
cada um será julgado por suas obras, pelas boas ações que pratica receberá o
galardão, não basta ter fé, pois a fé sem obras é morta. Alimente e fortaleça sempre
o lado positivo da vida, agindo e pensando com otimismo e bondade, servindo e auxiliando
a todos os que necessitam, sem julgamento ou distinção, este é o verdadeiro crescimento
e sentido real da vida.
Servir, além do próprio dever, não é bajular e sim ganhar segurança.
Cada pessoa a quem você preste auxílio, é mais uma chave na solução de seus
problemas. É natural que você faça invejosos, mas não inimigos. Cada boa ação
que você prática, é uma luz que você acende, em torno dos próprios passos. Quem
fala menos ouve melhor, e quem ouve melhor aprende mais. (André Luiz)
A Caridade no banco dos réus
- Mande entrar a ré! - ordenou o juiz.
O tribunal estava montado. A mulher, com passos tímidos, avançou
e acomodou-se no banco dos réus. O advogado da acusação estava preparado; as
perguntas, direcionadas à ré, fizeram-se ouvir na sala da justiça:
- Qual o seu nome?
- Caridade - respondeu a interpelada.
- A senhora sabe que está sendo acusada de alimentar a
ociosidade e a preguiça dos indigentes da nossa cidade criando obstáculos para
que a municipalidade os eduque e os instrua nos conceitos de cidadania?
- Sim.
- A senhora reconhece que, com sua ação, dita caridosa, tem
contribuído para o aumento de indigência sustentada?
- Não.
- Consta dos autos do processo que a senhora, na sua
instituição, atende pessoas de má vida, consideradas pela lei como
contraventoras e até criminosos, e que a senhora não faz distinção entre eles e
os cidadãos de bem. Confirma?
- Sim.
- Consta, ainda, que um cidadão honrado, respeitável membro da
nossa comunidade, tomando de boa fé a procurou para pedir orientação sobre um
processo justo que deveria mover contra os herdeiros, de cuja herança também
tinha por direito participar, e a senhora tentou dissuadi-lo dessa ação,
contrariando a Constituição do nosso país que prevê os direitos do indivíduo. A
senhora confirma?
- Sim.
- Meritíssimo, nada mais tenho a inquirir à acusada - declarou o
porta-voz da acusação.
Nesse momento o juiz convoca o advogado de defesa. Prontamente
ele se coloca diante da acusada e lhe indaga:
- A senhora tem na memória há quanto tempo se dedica a socorrer
as necessidades humanas?
- Não.
Voltando-se para os jurados, o causídico inicia a defesa:
- Sabemos, e isto é conhecido de todos nesta cidade e nas cidades vizinhas, que a acusada, com seu carinho e a sua dedicação, tem convertido almas para o bem, principalmente aqueles que a procuraram na condição de contraventores e criminosos, e que hoje são pessoas trabalhadoras e honradas.
Poderíamos citar aqui uma centena delas. Devo acrescentar ainda que, para municipalidade instruir nossos irmãos indigentes e reintegrá-los à sociedade, é necessário que eles estejam vivos! Não fosse o trabalho de amor, socorrendo com remédios, alimentos e roupas a esses infelizes, quantos não teriam sucumbido de fome e de frio? Não fosse ainda o calor humano que empresta a nossa irmã aqui acusada a esses irmãos, quantos, no auge do desespero, não teriam praticado o suicídio na fuga desesperada do sofrimento?
- Sabemos, e isto é conhecido de todos nesta cidade e nas cidades vizinhas, que a acusada, com seu carinho e a sua dedicação, tem convertido almas para o bem, principalmente aqueles que a procuraram na condição de contraventores e criminosos, e que hoje são pessoas trabalhadoras e honradas.
Poderíamos citar aqui uma centena delas. Devo acrescentar ainda que, para municipalidade instruir nossos irmãos indigentes e reintegrá-los à sociedade, é necessário que eles estejam vivos! Não fosse o trabalho de amor, socorrendo com remédios, alimentos e roupas a esses infelizes, quantos não teriam sucumbido de fome e de frio? Não fosse ainda o calor humano que empresta a nossa irmã aqui acusada a esses irmãos, quantos, no auge do desespero, não teriam praticado o suicídio na fuga desesperada do sofrimento?
- Quanto ao nobre cidadão que a procurou de boa fé, e cuja
historia consta dos autos, saibam os senhores que, depois de gastar suas
economias em um processo do qual não tinha direito constituído, é hoje um dos
indigentes que sobrevivem da ação caridosa da nossa irmã acusada.
Para surpresa de todos, complementou sua defesa fazendo uma
inspirada exaltação. Com os braços estendidos na direção do banco dos réus,
afirmou:
- Senhora Caridade! Rainha da Luz! Procurei por você entre os
ricos que distribuem as sobras, mas fui encontrá-la entre os mendigos que
repartem entre si as migalhas que os alimenta e os trapos que os aquecem.
Procurei por você nos grandes templos das religiões do mundo, mas fui
encontrá-la entre o povo, estendendo suas mãos generosas, socorrendo a
necessidade humana, oferecendo, além do pão, o calor da fraternidade e do amor
que reconforta o espírito. Seguindo o seu rastro de luz, pude ver muitas
feridas do corpo e da alma cicatrizando-se ante a ação do seu inigualável amor.
E hoje você está aqui! Diante do tribunal da insensatez humana
sendo julgada por amar demais seus semelhantes. Sei que as leis que orientam o
seu coração estão além das leis mesquinhas dos homens. Por isso, peço-lhe,
perdoa-nos alma querida e justa, pois os homens ainda não sabem o que fazem.
Encerrada a defesa, o júri absolveu a acusada por unanimidade. (Maktub)
Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se
distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por
todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não
estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão,
aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala. (José
Saramago)
As boas ações elevam o espírito e predispõem-no a praticar
outras. (Jean-Jacques Rousseau)
Abraços e muita paz!
Bondade e a caridade no banco dos réus
Reviewed by Luís Eduardo Pirollo
on
setembro 03, 2014
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Eloiza Martins De Oliveira Miranda · Quem mais comentou · Faculdade "Auxilium" de Filosofia, Ciências e Letras de Lins
ResponderExcluirLinda Lição de Vida. Como é comum o ser humano julgar...como se fôssemos sempre certos nas ações. Que Deus ilumine a Humanidade, tão carente de Dons Espirituais.Para as boas ações , precisa-se mesmo, apenas de bom coração, oportunidades não nos falta.Esteja sempre abençoado!!
Bom dia, minha querida amiga Eloiza Martins De Oliveira Miranda!!!
ExcluirSim, o ser humano julga com muita facilidade e sem olhar o rabo... rsrsrs... a grande maioria se acha dono da verdade, mas na realidade pouco sabemos...
Obrigado, minha querida amiga, que bom que gostou da lição, fico muito feliz com sua presença, com seu lindo comentário, com o seu apoio e carinho de sempre, valeu!!!
Tenha um lindo e abençoado dia!!!
Abraços e muita paz!!!